Filete portenho: arte popular de Buenos Aires

Filete portenho: arte popular de Buenos Aires

Você já ouviu falar alguma vez do fileteado porteño? Se não ouviu, é provável que já tenha pelo menos visto algo parecido nos caminhões mais antigos nas estradas do Brasil afora. Hoje vamos falar desse traço tão característico da capital portenha. Exposto nos mais diferentes e originais suportes, ele está por todos os lados da cidade.

Arte popular de Buenos Aires

O filete portenho é uma arte decorativa popular que lança mão do desenho e da pintura com linhas muito finas para criar os mais diferentes trabalhos. O uso de cores brilhantes, o contraste entre luzes e sombras e a saturação do espaço são algumas das características dessa arte.

Essas linhas ou filetes podem subir em espirais, converter-se em folhas estilizadas, flores, pássaros, cavalos, animais fantásticos, bandeirolas, pedras preciosas e outras formas. Fitas e laços com as cores da bandeira argentina são também muito comuns.

A música, o futebol e muito mais

Os temas utilizados são muitos e diversos entre si. Vão desde ídolos da música e clubes de futebol a ícones religiosos, frases e ditos populares. Varia, claro, de acordo com a época em que são executados e dizem muito de cada período. A técnica, no entanto, permanece a mesma.

Como nasceu a arte do filete portenho

Essa arte já faz parte da paisagem da cidade há anos. Ele nasceu no final do século XIX, da mão e inspiração de imigrantes italianos, com o propósito inicial de ornamentar carros. Atualmente, como dissemos antes, faz parte da paisagem portenha. Os ônibus talvez sejam o suporte mais utilizado, mas eles estão também em placas de lojas e restaurantes, nas estações de metrô e muitos outros locais.

O filete portenho na cidade

Os bairros onde mais se vê o uso dessa arte popular atualmente são San Telmo, La Boca, Boedo e Abasto. Uma boa forma de conhecê-la e apreciá-la é visitar algumas estações de metrô onde essa arte deixou sua marca. Na linha B, a estação Carlos Gardel traz obras dos fileteadores Andrés Compagnucci  e León Untroib. Na linha E, a estação Boedo conta com a assinatura de Pedro Cuevas. Por fim, na estação Corrientes, da Linha H, Enrique Santos e Carlos Gardel são homenageados por Jorge Muscia e Alfredo Martínez.

Exposições

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Em 1970, foi realizada a primeira exposição dedicada ao filete, reunindo trabalhos de distintos artistas. Organizada por Esther Barugel e Nicolas Rubio na Galeria Wildenstein, deu um grande impulso ao gênero. As obras expostas encontram-se atualmente no Museu da Cidade.

Proibição e Decadência

Mas ao longo dos anos, essa arte foi perdendo força. Em parte, por causa de uma lei promulgada em 1975 e revogada anos depois, que proibia o uso do filete portenho nos ônibus da cidade. O fechamento de fábricas de carrocerias que empregavam artesãos do filete e a morte de muitos dos mestres que não deixaram discípulos, também contribuíram para o fenômeno.

Renascimento da arte 

A busca de novos suportes e espaços para o filete acabou levando ao renascimento dessa arte. Usada hoje na decoração de objetos, na moda, na linguagem publicitária e até na arte do bodypainting, só para citar alguns, o filete ganha cada vez mais espaço e se reafirma cada vez mais como um traço tipicamente portenho, assim como o tango. É comum encontrar lojas e vendendores ambulantes de souvenires com objetos decorados com o filete. Quadros são também comuns e muito procurados pelos turistas.

Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade

Em dezembro de 2015,o filete portenho foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pelo Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda da Unesco.  Tal declaração traz consigo a garantia de que o Estado irá proteger essa atividade e realizar ações para desenvolvê-la.

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Adriana Albuquerque
Piauiense de nascimento, cearense de coração e casada com um portenho, Adriana adotou Buenos Aires há 9 anos. Ela é formada Comunicação Social e mãe de uma adolescente e de um filho pequeno. Uniu-se à equipe da Aguiar para produzir posts para o blog e já soma centenas de textos. Provavelmente você já leu e anotou uma dicas que ela passou. Apaixonada pelo Brasil, aprendeu a amar também Buenos Aires. Já não pode viver sem mate, o chimarrão local. Adora ler, comer e viajar.
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